sexta-feira, 29 de junho de 2007

O RENASCER DA BRUXARIA

A partir da metade do século XIX, a Bruxaria tornou-se novamente objeto de discussão, graças ao renascer do interesse em mitologia, folclore e magia. Em 1899, Leland lançou um livro intitulado "Aradia, ou o Evangelho das Bruxas". Foi a primeira obra de grande importância para o renascimento da Bruxaria no século XX. Neste livro, Leland registrava as crenças reunidas por uma bruxa toscana chamada Maddalena, que ele conhecera em uma viagem pela Itália no ano de 1866.
A década de 20 produziu dois importantes livros para a Bruxaria moderna: um deles foi "O Ramo de Ouro" ('The Golden 'Bough'), gigantesca obra do antropólogo James Frazer, versando sobre rituais de fertilidade.
As idéias que expôs em sua obra, juntamente com o conhecimento passado por Leland em 'Aradia' levaram a antropóloga Margaret Murray a lançar seu importante livro "O Culto de Bruxaria na Europa Ocidental" ('The Witch-Cult in Western Europe'), em 1921. Nele Murray sustentava que a Bruxaria era uma antiqüíssima religião organizada, presente em toda a Europa, baseada no culto a um deus chifrudo da fertilidade, que ela denominou de Dianus (ela falou mais sobre ele em seu livro 'The God of the Witches'). De acordo com ela, essa religião havia sobrevivido à perseguição e continuava com suas práticas, de maneira oculta.
A porta estava aberta para os bruxos. Surge então Gerald Gardner, o mais importante personagem do renascimento da Bruxaria como religião. Gardner era um folclorista inglês, amigo pessoal do grande mago Aleister Crowley.
Admirador de Frazer e Murray, realizava profundas pesquisas sobre os cultos de fertilidade pré-cristãos e sua sobrevivência. No decorrer destas pesquisas, em 1939, conheceu um grupo de pessoas que mais tarde descobriu fazerem parte de um Coven secreto (como o eram todos, na época). Gardner ficou fascinado: a existência destes bruxos confirmava as teses de Margaret Murray. Estabeleceu uma relação de amizade profunda com os membros deste Coven (denominado Coven de New Forest), e acabou por receber Iniciação. O Coven de New Forest, dirigido por uma bruxa conhecida por 'Old Dorothy', era representante de uma tradição que havia sobrevivido às perseguições.
Com o passar do tempo, Gardner preocupou-se com o futuro da Tradição, pois todos os membros do Coven eram idosos, e não havia previsão de aceitar novos iniciados. Ele não aceitou esse destino, e pediu permissão para publicar algumas práticas da religião. Relutantes, os Sábios do Coven negaram. Mesmo assim, Gardner publicou, em 1948, "High Magic's Aid", um romance no qual descrevia, sutilmente, alguns rituais da Arte. A publicação do livro causou polêmica entre o Coven de New Forest, e Gardner quase foi banido. Mas, com a queda das leis anti-feitiçaria, os Sábios do Coven reviram sua posição e deram permissão a Gardner para afirmar que a Bruxaria estava viva, desde que não revelasse nenhum segredo. Então, em 1954, Gerald Gardner publicou o primeiro livro da Bruxaria Moderna: "Witchcraft Today", seguido de "The Meaning of Witchcraft"(1959). Neles, Gardner afirmava estarem certas as teorias de Murray, pois ele mesmo era um bruxo iniciado.
O coven (grupo de bruxas/os) de Gardner se ramificou e, aos poucos, os praticantes foram se multiplicando. Era normal que surgissem novas tradições. A primeira tradição a surgir depois da Wicca Gardneriana foi a Tradição Alexandrina. Os rituais e liturgia eram semelhantes à gardneriana, com apenas algumas poucas diferenças características.
Então veio a década de 60 e o movimento hippie, com as pessoas descobrindo formas alternativas de viver, buscando uma interiorização maior e menor hipocrisia perante a sociedade e a si mesmos. A década de 70 trouxe o movimento feminista arrebatador, e a história da Wicca se modificaria para sempre...
Esses dois movimentos foram fundamentais para o desenvolvimento da Wicca nos anos seguintes, pois a partir daí vemos claramente uma divisão entre a Wicca de Gardner (gardneriana) e a Wicca misturada com o feminismo, o movimento hippie (new age) e algumas liberdades atribuídas à religião.

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